27/03/2012

Tudo Errado no Botafogo?

No ano passado, logo após aquele jogo vergonhoso contra o Santa Fé da Colômbia pela Sulamericana, em que empatamos por 1x1 no Engenhão com o nosso time reserva, surpreendeu-me a entrevista coletiva do nosso então técnico, o Sr.Dr.Prof. Caio Jr..
Ele disse que o Botafogo trabalhava com “planejamento” e que a torcida tinha que dar graças a Deus porque o time estava disputando o título brasileiro e almejando uma vaga para a Libertadores (não aconteceu uma coisa e nem outra). Por isso os reservas em campo e o não comprometimento com a competição internacional. Era um ou outro.
Mas como assim? Um time de futebol tem que jogar futebol e tentar ganhar jogos, se não for assim, não jogue, ou jogue “a toalha”.
Agora tudo mudou, Caio Jr. espirrou tropeçando na sua própria incompetência e veio Oswaldo de Oliveira, todo cheio das teorias e falando baixinho e difícil, como se fosse um profeta (só se for do apocalipse pelo que tenho visto até agora, não que ele esteja errado no que tem feito).
E não é que, de novo, após um empate por 1x1 com um time chamado Treze da Paraíba pela copa do Brasil o discurso que ouvimos foi semelhante?
Disse ele e outros diretores que... “Foi um bom resultado e agora precisamos de um empate sem gols em casa para nos classificarmos!”
Como assim? Digo eu de novo... parece que técnicos de futebol frequentam, todos, a mesma escola (nenhuma) e aprendem na cadeira de “Como ser dissimulado” a falar coisas absurdas e que deixam os torcedores preocupados.
Aliás, preocupado é pouco... sinceramente, alguém acha que um torcedor vai juntar seu dinheirinho, ir até aquela lonjura do Engenhão às 10 horas da noite para ver seu time do coração jogar de lado e sem vontade buscando um 0x0 com o Treze???
Fica explicado porque as prateleiras, ops!, as arquibancadas estão sempre vazias.
O resultado de tudo isso foi que tomamos um gol logo de cara do Treze em pleno Engenhão e o time ficou que nem um alucinado tentando virar o jogo. Empatamos com Loco Abreu (sempre ele) e depois a bola não entrou mais. Um show absoluto de erros de finalização e sofrimento sem fim que culminou com a magra vitória nos pênaltis. Se não tem drama não é Botafogo, né?
Achar culpados, quem foi mal e descobrir porque a torcida não vai ao estádio é algo dificílimo. Ou não?... como diria Caetano Veloso...rs
Dessa vez foi “quase” um fiasco, mas estamos classificados e fim de conversa. Vale lembrar que estamos invictos em 2012... 14 jogos e 7 empates, o que não é para ser muito comemorado, mas está valendo.
Falando em torcida comparecer, o clube tem que entender definitivamente que torcedor é a mola propulsora do futebol e pelo visto ele anda sendo tratado como um idiota intruso. Pode isso?
Muito bem... no fundo é até engraçado. Acho que os cartolas e técnicos imaginam que os torcedores são mesmo palhaços. Olha só, centenas de milhares de torcedores de um time de tantas glórias e tradições devem dar “graças a Deus”, na concepção deles, por assistir a um jogo, aliás, dois... recheado de incompetência e falta de vontade e ainda, acreditar que existe todo um trabalho sendo feito tendo em vista o Super Campeonato Universal Interplanetário do ano que vem... rsrs.
Tenham dó, né? Conversa para boi dormir. O tempo em que a poesia imperava no futebol, os craques proliferavam e um jogador entrava em campo e nem sabia que campeonato estava jogando, terminou, assim como está terminando a paciência do torcedor.
Depois reclamam quando desvairados e exaltados imbecis xingam os cartolas, pintam palavrões nos muros do clube, pisoteiam carros de jogadores, etc...(e não defendo quem age assim não, antes que possam pensar isso)
Creio que um time como o Botafogo quando entra em um campeonato, é para disputar o título e fazer bonito de verdade.

Só para lembrar, há uns anos atrás, os times jogavam quase 8 partidas por mês e os jogadores ganhavam casa, comida, o carro (sem a loira) e mais uma sobra para a gandaia como qualquer mortal.
Hoje todos reclamam de calendário, e jogador confunde calendário com excesso de jogos. Querem jogar 1 vez por semana e olhe lá, e se der, meio tempo apenas.
É o tal do emprego que todo mundo quer: Diretor, meio período e ganhando salários de 6 dígitos.
Imaginem se o time jogasse uma vez por mês e perdesse o jogo... a entrevista do jogador no final seria: “Hoje não deu nada certo e jogamos mal, mas vamos trabalhar esse mês e quem sabe no mês que vem ganhamos os 3 pontos!!!”

Está tudo errado na terra do nunca, sinceramente.

Estava lendo outro dia uma coluna do Tostão em que ele falava sobre jogadores craques e jogadores grossos de bola.
Disse ele também que temos mania de ficarmos comparando qualidade e estilos de jogadores de épocas diferentes. A conclusão dele é que grandes craques e grandes times nunca se repetem.
Cada um cumpriu seu papel na sua época e marcou essa época com talento.
O ruim é não ter estilo e nem técnica e jogar futebol profissional, e olha que temos vários exemplos por aí assim.
O Dunga era uma porcaria de técnico, e sempre o detestei, mas o seu time tinha lá a sua forma de jogar... marcava forte e saia no contra-ataque. E hoje? Como joga a Seleção Brasileira? Quem são os titulares?
Como comparar é algo impossível de não se fazer, digo que Neymar me lembra um pouco Garrincha (guardadas as devidas proporções). Garrincha driblava o João e não satisfeito voltava para driblá-lo de novo. Se um jogador faz isso hoje o pessoal o joga para fora do estádio de ponta-cabeça (bons tempos). Neymar adora dar show com efeitos pirotécnicos, como o diz Tostão, driblar e humilhar o adversário, mas tem técnica apurada, muda de direção rapidamente com a bola dominada e joga em direção ao gol. Nisso ele se assemelha a Maradona e a Ronaldinho Gaúcho nos bons tempos. Lembram dele, desse Ronaldinho? Um cara que foi craque lá no Barcelona e hoje não sei por onde anda. Ah é? Na seleção? Caramba!!!
Tostão ainda diz que Messi, um super-craque de bola já lembra mais Pelé, que driblava o necessário, tinha variantes incríveis e decisões rápidas e sempre ia em direção ao gol pelo caminho mais rápido, a tal da linha reta. Então não tinha firula e gracinha, tinha gol, a essência do futebol.
Pelé era direto, simples, ele tinha o sentido coletivo (como Cruijff tinha) e tinha também o poder de resolver sozinho uma condição de jogo, porque era viril e guerreiro acima de tudo. Se não era na bola, era na falta, e ainda fazia com que o juiz a marcasse a favor dele (inteligência). Por isso fez mil e duzentos e tantos gols e é considerado pelo mundo o “Atleta do século” e o “Melhor jogador de todos os tempos”.
Claro que adoro o drible, a arte, o toque de bola, o passe certeiro, e o chapéu, a caneta, o lençol, o drible da vaca... isso enfeita o futebol e faz o ingresso valer a pena, mas jogos têm que ser ganhos, não é?
Comparar alhos com bugalhos é querer sofrer e o futebol de hoje já nos faz sofrer o suficiente depois que foi inflacionado e globalizado.

Renato Baptista

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